quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A Capacidade do nosso Cérebro

Teste o seu... De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Sohw de bloa. Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

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Extraído da Net

sábado, 1 de novembro de 2008

Como Sinalizar a Vida em um Mundo Esquisito?


O nosso mundo anda esquisito demasiadamente. O egoísmo e a cobiça, entre seres humanos, crescem de forma assustadora. As mega-corporações batem, mês a mês, recordes nas produções. Pessoas se entregam diariamente à amizade virtual através dos micro-computadores e note book´s. Os relacionamentos tornam-se paulatinamente mais frios e calculistas. A natureza geme ante à agressividade dos poderosos que vêem matéria bruta com os olhos da lucratividade. Não se importam com os meios desde que o fim seja o enriquecimento.
Quanto ao ambiente religioso, nunca se falou tanto de Deus, mas também de formas equivocadas. O número dos novos movimentos religiosos que surgem, mostram-nos a fragilidade da fé e dos milhares de “cultos”. Ora, fé, entendida nos diversos movimentos presentes neste chamado mundo pós-moderno, é na verdade um sentimentalismo emocionado na vivência daquele(a) que sente um arrepio no “culto”. Ademais, busca-se prioritariamente a satisfação das necessidades básicas. Busca-se o sagrado, mas ao mesmo tempo este sagrado deve alimentar, curar, vestir, enfim, dar prazer.
Um importante desafio para os cristãos do presente século tange à recriação da Igreja e de suas organizações secundárias – grupos societários, ministérios, associações etc., a partir da lógica do pensamento peregrino de John Wesley, o fundador da Igreja Metodista. Frisamos, de antemão, que Wesley nunca escreveu um tratado sobre a Igreja. Ele era um teólogo do caminho. Por isso, sempre buscou a renovação e o equilíbrio entre fé e obras. Por exemplo: certa feita Wesley reclamou dos pregadores que “se esquecem de suas obrigações morais, desprezam a santidade como se fosse lixo, ensinam às pessoas esse caminho fácil para alcançar os céus, a fé sem obras[1]. Ainda, em consonância com a argumentação anterior, Wesley atesta: “Não reconheço como tendo um grão de fé a pessoa que não faz o bem, que não está disposta a empregar toda oportunidade que tenha em fazer o bem a todos os homens[2]. Finalizando, diz que “o peso de nossa religião, como nós entendemos, reside na santidade de coração e da vida. (...) Não queremos gastar o tempo com disputas, queremos gastar o nosso tempo e nos gastarmos no anúncio da religião autêntica e prática[3]. Mas a renovação eclesiástica praticada por muitos líderes é outra, marcada pelo sensacionalismo e pelas promessas metafísicas.
O que muitos líderes religiosos têm feito com a Igreja beira a banalização. É claro que em muitas épocas da história eclesiástica, essa atitude de tratar a Igreja como objeto factível de desenvolvimento dos ideais personalistas sempre esteve presente. Mas, o que se vê hoje é uma religiosidade coligada às estruturas espoliantes do mercado. O Evangelho tornou-se, para estes, mero produto dos projetos de marketing. Paulo, na epístola à Roma escreveu: “Não me envergonho do Evangelho, pois ele é a força de Deus para a salvação de todo aquele que acredita, do judeu em primeiro lugar, mas também do grego”. (Rm. 1: 16). Em contraposição ao argumento paulino, esta estirpe de “evangelho” baseado na prosperidade e nas ansiedades da atualidade causa espanto e vergonha.
O cenário político também é suspeito. Muitos “severinos” e “sanguessugas” revelam-nos como estão “preparados” nossos governantes. Bem sabido é por nós que Antônio Gramsci sempre afirmou nos seus escritos filosóficos, a saber, os “Cadernos do Cárcere”, que toda atividade é, em suma, atividade política. Se aceitarmos essa afirmação, então nossa prática de fé e de vida também é atividade política. Nosso relacionamento pessoal e familiar também é atividade política. A sexualidade é atividade política. Nossas decisões e escolhas são, em última instância, atividades políticas. Até mesmo, o lugar que escolhemos para nos assentarmos dominicalmente no templo é espaço de manifestação política. Em contraposição sempre afirmamos que não “discutimos política”. Talvez, por causa dessa lacuna gerada pela nossa indiferença, políticos medíocres estejam assumindo cargos da elite no cenário brasileiro.
Nosso mundo anda castigado de informações de todos os tipos para todos os gostos. Notícias de outros continentes nos chegam rapidamente e em tempo real. Por certo, a tecnologia avança de forma assustadora e veemente. Vale ressaltar, assim como Júlio de Santana, que em um mundo dotado de uma tecnologia capaz de erradicar a fome de todo o planeta, é inconcebível a idéia de pessoas morrendo de inanição. E o que dizer da anorexia e da bulimia, reflexos esquizofrênicos de um mundo esquisito. Uns morrem porque não têm o que comer, outros ficam doentes e até morrem porque, mesmo tendo o que comer, por causa dos padrões de beleza vigentes no “mundo” da moda, assumem a postura irresponsável do culto ao corpo em detrimento do próprio corpo.
Poderíamos discorrer sobre muitos temas neste breve artigo, entretanto a pergunta – “como sinalizar a vida em um mundo esquisito?” – necessita ainda de uma resposta.
Diante deste quadro crítico, visualizado sucintamente, reafirmamos que a teologia wesleyana pode nos apresentar algumas pistas significativas à questão proposta.
A consistente e persistente busca pela salvação, sempre evidenciada por Wesley centralizou, sem sombras de dúvidas, a doutrina da perfeição cristã. A vontade e empenho em entregar “todo o coração e toda a vida a Deus[4] possuía duas vertentes: a primeira, talvez influenciada pela leitura dos místicos católicos, levava Wesley a considerar que o comprometimento com a perfeição cristã estava ligado diretamente a uma condição de santidade marcada pela obediência à Lei de Deus, bem como à prática de obras visando o prêmio final. Em segundo lugar, a perfeição cristã entendida como dom de Deus[5], fruto da manifestação da graça sobre o ser humano (conforme sermão 83,9).
Essas duas características, aparentemente opostas, são argumentadas pelo próprio Wesley, em seu tratado: “O caráter de um metodista”:

Não estabelecemos a totalidade da religião (como fazem muitos e Deus sabe muito bem) em não fazer o mal, nem em fazer o bem ou em seguir os mandamentos de Deus. Nem tampouco todos esses aspectos juntos, porque sabemos por experiência que uma pessoa pode dedicar-se a isso por muitos anos e no final não possuir uma religião verdadeira, nada melhor do que tinha antes.[6]

A simples postura da observação dos mandamentos ou o seguir cego de orientações e regras é rechaçado por Wesley. Isso se confirma ainda na expressão: “Que o Senhor dos meus antepassados me preserve de uma religião tão miserável!”[7]
Na seqüência, Wesley afirma com veemência contra aqueles que criticam o ser metodista:


Metodista é quem tem o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo que lhe foi dado; quem ama o Senhor seu Deus com todo seu coração com toda a sua alma e com toda a sua mente e com todas as suas forças. Deus é a alegria em seu coração e desejo de sua alma, que clama constantemente: “A quem tenho no céu senão a Ti? Fora de ti não desejo nada na terra! Meu Deus e meu tudo. Tu és a rocha em meu coração e minha porção para sempre!”[8]

Ora, o que se percebe claramente neste sermão de 1738, refere-se à conjunção conflituosa entre esforço humano e gratuidade de Deus. Entretanto, a aparente contradição se encerra quando o próprio Wesley atesta:


Guarda os mandamentos de Deus com toda a sua força, pois a obediência está em proporção ao seu amor, a fonte pela qual flui. Portanto, amando a Deus como todo coração, lhe serve com todo vigor. Continuamente, apresenta sua alma e corpo em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, completamente e sem reservas, entregando tudo o que possui e a si mesmo para a sua glória. Todos os talentos recebidos, todo poder, toda faculdade da alma e cada membro do corpo, emprega-os constantemente de acordo com a vontade do Mestre[9].

A importância dada por Wesley ao tema da perfeição cristã se confirma claramente pela dedicação e estudos evidentes ao longo de cinqüenta e dois anos. As muitas revisões do seu estudo denotam que a mesma doutrina estava em evidência na sua formulação teológica. Mais que isso – consistia em ênfase centrada na salvação do ser humano, na nova criação provocada pelo novo nascimento e pela entrega completa da vida a Deus. A salvação alcançada provocaria uma nova vivência. O crente não seria salvo pelas obras, mas justificado mediante o Espírito como o fim de realizar boas obras, de antemão preparadas desde a criação do mundo, entre todos os pobres e necessitados.
Por certo, o cenário religioso brasileiro marcado pela proliferação de movimentos religiosos, os mais diversificados, precisa de orientações, ditas espirituais, mais significativas e condizentes com os princípios e valores do evangelho genuíno. A doutrina da perfeição cristã torna-se referencial para a boa elaboração de uma espiritualidade sadia e formativa.
É desnecessário dizer que no âmbito das comunidades de fé, principalmente as de tradição wesleyna, torna-se evidente o desafio de se viver a dinâmica do amor humilde de Deus.
De qualquer forma, a doutrina da perfeição cristã somente pode ser pensada a partir das seguintes considerações:
1. Na lógica do pensamento de Wesley, que acompanha cinqüenta e dois anos de vida pastoral e dedicação teológica em meio à caminhada do povo, chamado metodista, e do movimento incipiente;
2. Na influência dos pais orientais e sua doutrina da deificação, bem como na leitura das clássicas obras de Taylor, Kempis e Law;
3. Na aproximação do tema da perfeição com o processo da santificação;
4. Nos inúmeros debates e reflexões com os contemporâneos sobre o tema;
5. Na compreensão da doutrina a partir do prisma da sinergia – participação conjunta em entre Deus e o ser humano;
6. Em uma vivência de amor humilde, que poderia ser traduzida como ápice do processo de santificação, portanto a plena santificação ou perfeição cristã;
Se é possível ou não alcançar a plena santificação na existência, não cabe julgamentos transitórios e infundados. Para Wesley era possível. Mas, a despeito do que seja realmente a dimensão da perfeição cristã, por certo, as pistas apresentadas neste artigo serão norteadoras para uma boa reflexão da teologia wesleyana no âmbito de nossa própria vida. Enfim, poderemos dizer que o Espírito de Deus busca a reconciliação do mundo com Deus e espera deste a resposta. A nova criação está sendo gerada pela ação amorosa de Deus entre os seres humanos. É, indubitavelmente, na vivência amorosa em relação ao outro que poderemos sinalizar a vida nesse mundo cada dia mais esquisito. Seja essa a nossa atitude perante a lógica da perfeição cristã de Wesley.
[1] BARBOSA, José Carlos. Adoro a Sabedoria de Deus. Piracicaba: UNIMEP, 2002. P. 373.
[2] Idem. P. 373.
[3] Idem. P. 373.
[4] RUNYON, op. cit, p. 125.
[5] KLAIBER, op. cit, p. 313.
[6] Obras de Wesley. Tomo VIII, p. 28ss.
[7] Obras de Wesley. Tomo V, p. 18 & 19.
[8] Obras de Wesley. Tomo V, p. 19.
[9] Idem, p. 24.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Campeão e o Vencedor - Divagações poéticas






A vida é marcada por uma série de ritos de passagens. Desde o nascimento até a morte, colecionamos ritos que nos lançam ao inesperado e inusitado. Todos os dias, portais se abrem para todos nós e ao atravessá-los, vislumbramos o “novo” que se reveste de realidade. Essa realidade nos conduz aos mais diversos riscos inerentes à vida. E a vida é marcada por vitórias e derrotas. É na dialética dessas duas dimensões que confrontamos e somos confrontados.
Ao pensar nos confrontos e nas peças que a vida nos apresenta, à minha memória vem a imagem da atleta Gabriele Andersen-Scheiss. Quem não se lembra desta brava suíça capengando, desorientada, se arrastando no final da maratona Olímpica de 1984, em Los Angeles. No calor escaldante daquele dia, Gabriele desafiou a natureza e o clima ao não aceitar água no ultimo posto d’agua no percurso. Gabriele disse depois que estava com 39 anos e não teria outra oportunidade de honrar o seu diploma de participação olímpica. Resolveu, então, cumprir o seu calvário nos últimos 500 metros para completar a maratona em 2:48.42. E a suíça Gabriele é hoje mais lembrada que a própria Joan Benoit, vencedora da primeira maratona de 1984, exatamente a primeira maratona olímpica feminina. Mas também nos lembramos do nosso atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona nas Olimpíadas de Atenas - Grécia.
Vanderlei liderava a prova com mais de 45 segundos de vantagem. Foi quando o insano padre irlandês Cornélius Horan resolveu pregar aquela peça e travá-lo na sua jornada rumo ao ouro. Vanderlei chegou em terceiro lugar, depois desse indesejado ocorrido. Trouxe o bronze para o Brasil e ganhou do COI - Comitê Olímpico Internacional - a medalha "Pierre de Coubertin", que é dada a pessoas que dignificam o esporte com o conhecido "fair play". Como Gabrielle e Vanderlei, escolhemos ir ao final de nossa maratona, e mesmo que não cheguemos em primeiro lugar, o importante é chegar. Aliás é justamente nesse ponto que vale a pena fazer uma distinção entre o campeão e o vencedor. A distinção que ora faço, é muito mais simbólica do que real, mesmo porque há uma aproximação entre as duas expressões. Mas quero sugerir que a distinção perpassa a lógica da plausibilidade.
O campeão é aquele que chega em primeiro lugar, ganha os louros da vitória e a taça dourada que, em breve, ficará empoeirada em uma estante qualquer, como Joan Benoit. A conquista do primeiro lugar é efêmera, embora marcada pelo glamour dos aplausos.
O vencedor não necessariamente é aquele que chega em primeiro lugar. É aquele que chega. É aquele que experimenta a luta do cotidiano e se impõe, mesmo que tudo lhe diga o contrário. O vencedor é aquele que resiste, agüenta, suporta... como Gabrielle A. Scheiss.
A vida é cheia de oportunidades, de possibilidades, de conquistas. Entramos nela completamente inexperientes. Vivenciamos alegrias, tristezas, namoros, paixões, desentendimentos, construções, separações. Conhecemos lugares, pessoas, coisas e culturas diferentes. Enfrentamos situações diversas, boas ou ruins que contribuem para a grande mudança do efêmero.
Nesse caminho de desafios e incertezas, inunda-nos um sentimento de realização. Doravante, em qualquer canto deste planeta cada dia mais apertado, novos paradigmas serão superados. E nessa esfera de pululação inusitada, almejamos a consciência de um mundo melhor, um mundo formado por vencedores que façam a diferença nos relacionamentos e não por campeões que se gabam por causa da vaidade.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Carta escrita pela educadora Ana Maria Araújo Freire - Em repúdio à matéria publicada na Veja, pelas jornalistas: Monica Weinberg e Camila Pereira



Viúva de Paulo Freire escreve carta de repúdio à revista Veja

Na semana passada, a viúva do educador Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire, escreveu uma carta de repúdio à revista Veja, em decorrência de reportagem publicada na edição de 20 de agosto, intitulada "O que estão ensinando a ele?". De autoria das jornalistas Monica Weinberg e Camila Pereira, a reportagem foi baseada em uma pesquisa sobre a qualidade do ensino no Brasil. Em um determinado trecho da reportagem, lê-se:
"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado". Diante disso, Ana Maria Araújo Freire escreveu a seguinte carta de repúdio:
"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo deste.
Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoa pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.
A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.
Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do "filósofo" e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.
Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu "Norte" e "Bíblia", esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorado com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja os dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!


São Paulo, 11 de setembro de 2008

Ana Maria Araújo Freire

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

AFETANDO E SENDO AFETADO

A vida é relacional, portanto afetuosa.
A cada dia, fico mais convicto de que as micro dimensões dos nossos relacionamentos se dão na complexidade da existência e dos afetos. Aliás, quando se vai à etimologia da palavra complexo, se descobre que “com plexus” é tudo o que se encontra emaranhado, tal como os fios de um tecido.
Ora, ninguém se engane, a vida é realmente complexa. Mesmo sendo presente sagrado, possui ramificações que nos encantam e nos amedrontam. A vida é um todo muito maior do que as partes que a compõem, parafraseando Aristóteles.
Já dizia o grande rabino dos Evangelhos: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Às vezes, para refletir sobre o significado e profundidade dessas palavras que – aliadas a outras histórias, tais como a das duas casas ou a dos dois caminhos – me levam a considerar a vida sobre duas dimensões distintas: o carrossel ou montanha russa.


Àqueles que já tiveram a oportunidade de ir a um parque de diversões sabem muito bem o que vou propor: o carrossel – cavalinhos que giram em uma mesma direção em um sobe e desce mavioso. Uma música meio que irritante ao fundo e pouca, quase nenhuma emoção. Risos pálidos e tédio, muito tédio. As crianças separadas, montadas em seus cavalinhos plásticos. E o giro revela, minuto após minuto, o mesmo cenário, bucólico...



A montanha russa – um trenzinho em que ninguém vai sozinho, mas acompanhado. A subida lenta sugere uma respiração pausada, a inquietação é premente. Os risos carregados de excitação e expectativa dão lugar ao grito prazeroso justamente quando os carrinhos alçam uma velocidade estrondosa em poucos instantes. E ali, naquele insólito momento, já não há razões, nem sensos de direção. Não há preocupações, somente o desejo de chegar ao fim da linha. Mas todos podemos concordar em um coisa: a vida é muito mais uma montanha russa do que um carrossel. Aliás, se eu tivesse que escolher a forma como sempre viveria minha vida, optaria pela montanha russa.
Mesmo porque vida sem emoção pode ser considerada morte. É preciso que tenhamos em mente a certeza de que vida em abundância é muita vida, portanto emocionante e cheia de curvas fechadas e “loops”.
Ademais, no carrossel há isolamento. Na montanha russa, vai-se acompanhado. E nada melhor do que experimentarmos o outro, diferente e tão igual, afetando-nos e sendo afetado.
De igual modo, diante dessa simples analogia da vida, ocorre a complexidade educacional. Somente mediante afetos recíprocos, a educação em todos os seus níveis permitirá a sinalização de um mundo melhor. Temos consciência que os afetos, assim como a vida, são dialógicos, ou seja, possuem lados opostos e díspares. Tem muita gente que sabe afetar o outro positivamente, mas também existe muitos outros que afetam o outro, consequentemente a vida sem o devido respeito e dignidade.
Que aprendamos em todas as dimensões do cotidiano a vivenciar as múltiplas dinâmicas de nossas montanhas russas afetuosas.


Moisés A. Coppe

QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA





segunda-feira, 15 de setembro de 2008

DOZE CONSELHOS PARA TER UM INFARTO FELIZ


por Dr. Ernesto Artur - CARDIOLOGISTA


1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias;


2. Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos;


3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde;


4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem;


5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias,conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósiosetc.;


6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, coma o mais rápido possível pra não perder tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes.


7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro;


8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro;


9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo;


10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo;


11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.


12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida . Isto é para crédulos e tolos sensíveis.Repita para si: Eu não perco tempo com bobagens.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

MOVIMENTOS EDUCACIONAIS



“Para a liberdade foi que Cristo vos libertou.
Permanecei pois sóbrios e não vos submetais de novo ao jugo da escravidão”.
Gálatas 6:1

Indubitavelmente, os caminhos inerentes ao que chamaremos neste texto de movimentos educacionais precisam ser marcados pela (i)lógica do amor. Não há como conceber tais movimentos sem a perspectiva relacional, fruto de possibilidades libertadoras[1] coligadas a um desvelo “agapático”.[2]
Ao falarmos de movimentos educacionais, desenvolvemos a singela reflexão de que educação que se preze acontece naturalmente na criação, recriação, decisão, dinamização do mundo, domínio da realidade e humanização.[3] Ela não se institui. Ora, toda e qualquer instituição tende a limitar as ações humanas. É inegável a capacidade que a instituição tem em delimitar a vida humana do nascimento à morte. Quem nasce, nasce dentro de um complexo institucional, sobrevive por causa dele, se forma e se informa, entretanto, acaba em algum momento de sua singular trajetória, se sentindo aprisionado. Se almejar a ruptura, sofre. Não é fácil controlar o sofrimento decorrente de uma separação institucional. Rubem Alves, em seu livro: “Dogmatismo e Tolerância”, assim expressa:
Uma instituição é um mecanismo social que programa o comportamento humano de forma especializada, de sorte que ele produz os objetos predeterminados pela instituição. Igrejas, exércitos, escolas, hospitais, manicômios, casamento – são todos instituições. Pode-se, na verdade, ver que todos eles: 1. Programam o comportamento. 2. Forçam o indivíduo a produzir comportamentos e “bens” segundo as receitas monopolizadas pela instituição.[4]

Ora, Alves nos incita à discussão sobre o conceito de liberdade ante à instituição. E bem sabemos que o conceito de liberdade é ambíguo. Mas será que podemos realmente falar de liberdade em nossos movimentos educacionais?
A bem da verdade, ainda não conseguimos nos libertar da educação depositária, denunciada por Paulo Freire.[5] É claro que existem reflexos inusitados dentro dos nossos movimentos educacionais que nos lançam ao princípio da liberdade, mas ainda são reflexos. É preciso que nos lembremos da vocação primeira que nos conduziu à dinâmica dos movimentos educacionais. Se a “água” da atividade presente estiver contaminada, é preciso (re)visitar a fonte incipiente e beber água pura. Tal atitude, embora pueril, é fundamental para descortinarmos as janelas dessa utopia chamada liberdade e retomarmos nossos movimentos com renovada esperança.
Mas se há uma trilha para a liberdade, essa trilha é o amor. Embora, a palavra amor esteja desgastada, assim como muitas das suas manifestações, ainda assim continua a ser um ideal epicentral. E sabemos que nenhuma pessoa é movida por razões da cabeça, senão por razões que tocam a alma e o coração. Ademais, as possíveis “verdades” somente podem se constituir se há o estabelecimento de uma relação amorosa. Nessa linha, Alves expressa que o que move as pessoas não são as razões da ciência e das convicções, mas as razões do coração. Quando a emoção é tocada, as idéias deslizam com facilidade.[6] Isso sem perder a capacidade de criticidade.
Se optarmos em estabelecer boas resoluções em nossa vivência, mediante a partilha de verdades com amor, então poderemos falar de coerência nos movimentos educacionais que passam, necessariamente, por nossa assimilação de mundo e atitude de desvelo em relação às pessoas.
Portanto, cuidar das pessoas na dimensão do amor favorece aquilo que E. Morin chamou de unitas multiplex. Mais especificamente:
Cabe à educação do futuro cuidar para que a idéia de unidade da espécie humana não apague a idéia de diversidade e que a da sua diversidade não apague a da unidade. Há uma unidade humana. Há uma diversidade humana. A unidade não está nos traços biológicos da espécie Homo sapiens.[7]

O desafio que se posta ante ao olhar do educador é o que confere a dinâmica do amor na afirmação das diferenças, visando aquilo que Morin batizou de antropo-ética, ou seja, a relação entre indivíduo singular e espécie humana como todo.[8]
Freire na mesma linha aponta: “Nas relações que o homem estabelece com o mundo há, por isso mesmo, uma pluralidade na própria singularidade. E há também um traço de criticidade”.[9] E assim, o desvelo nos movimentos educacionais, que possui necessariamente uma característica de alteridade, é a possibilidade que os educadores desenvolvem ao harmonizarem-se com os educandos. E essa tarefa não acontece do dia para a noite, tampouco vice–versa, mas na lida diária. Em uma espécie de desvelo pericorético–amoroso.[10] E nesse nível de desvelo inicia-se nossa tarefa.

Moisés Coppe.
[1] Para maiores ampliações do termo, ver: FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
[2] Termo relativo à palavra grega – agape – amor incondicional. Adotamos também a idéia freriana de amor como ato de coragem que não teme o debate.
[3] FREIRE, op. cit, p. 51.
[4] ALVES, Rubem. Dogmatismo e Tolerância. São Paulo: Paulinas, 1982, p. 40 – 41.
[5] FREIRE, op. cit, p. 104.
[6] ALVES, Rubem. Apontamentos para um pastoral protestante. Cartilha publicada pelo CEDI.
[7] MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à educação do futuro – 5. ed. – São Paulo: Cortez; Brasília – DF: Unesco, 2002, p. 55.
[8] Idem, p. 113.
[9] FREIRE, op. cit, p. 48.
[10] Pericórese é uma terminologia grega para indicar unidade na aletridade. Conceito desenvolvido por João Damasceno no século II da era cristã.

DIA 70 - As mariposas giram em torno das lamparinas acesas

Gosto quando os olhares e os sorrisos oriundos de pessoas diferentes compactuam os sentimentos mais profundos numa doce simbiose. Pode ser q...