segunda-feira, 26 de maio de 2014

Reflexões em Tempos de Angústia


Ando angustiado e com uma dor lancinante na alma. A respiração pausada sofre a interferência de taquicardias descompassadas. Sei que não há normalidade nisso, ao contrário, trata-se da somatização de diversos sentimentos que se misturam complexamente dentro da mente. Como se diz na França: “Esta é a vida”.
A minha angústia nasce da constatação de que existem pessoas que se dizem amigos ou amigas, mas que infelizmente, só se aproximam com o intuito de se dar bem ou de se organizarem melhor nas suas vidas pessoais. Eu, de fato, não tenho muitos amigos, mas gosto de cultivar amizades no campo da sinceridade, humildade e cumplicidade.
Eu não me sinto bem quando me sinto usado por esta ou aquela pessoa. Eu não me sinto bem quando pessoas se aproximam com o único intuito de usar-me segundo seus interesses. Isso me angustia veementemente. Isso me angustia e me trás amargor na alma.
A minha angústia nasce também da constatação de que as dimensões eclesiásticas estão invertidas. A cada dia mais, o movimento evangélico se distancia do Evangelho e as lideranças se ocupam e se preocupam, tão somente, com o poder, principalmente financeiro, pois sabem que no fundo, quem manda é quem tem grana.
E assim, vou vivendo dia-a-dia, tentando organizar meus sentimentos colocando minha ideias nos seus devidos lugares, todavia as borboletas insistem em continuar voando na altura do estômago. Dêem o nome que quiserem a isso, mas para mim é angústia.
Foi Kierkegaard quem estabeleceu como ponto fundamental da perspectiva das transições necessárias à vida humana o conceito de angústia. Esta dimensão da angústia, além de impulsionar a pessoa a um novo estado na vivência, acompanha-o no confronto com uma nova realidade, principalmente aquela que está na contramão do que se pensa ou se quer. Segundo este filósofo dinamarquês, a angústia faz parte da natureza humana, jogando o ser humano num precipício de possibilidades e impulsionando-o a tornar-se responsável pela sua própria existência.
Não vou entrar nos méritos do conceito de angústia em Kierkegaard, mas somente pontuar sua relevância para refletir os momentos em que a alma humana, mesmo em seus conflitos internalizados, busca a realização de sua jornada no encontro de sentido na vida. E não é isso o que todas as pessoas procuramos?
Sim, queremos sentido na vida, e que ele venha de forma ética, sem os jogos de poder ou mesmo pelas pessoas em suas subjetividades querendo se dar bem à custa do outro.
Por enquanto, fico com minha angústia, sendo provocado por ela com vias a transições que se tornam extremamente necessárias para mim, já...? agora...?

DIA 70 - As mariposas giram em torno das lamparinas acesas

Gosto quando os olhares e os sorrisos oriundos de pessoas diferentes compactuam os sentimentos mais profundos numa doce simbiose. Pode ser q...